Tenho lido algumas coisas sobre este assunto nos últimos tempos porque o piolho cá de casa está em treino para largar as fraldas.
É sabido que o 'deixar as fraldas' é um processo, e que cada criança tem o seu ritmo de aprendizagem e amadurecimento. Mas há algumas coisas que podemos fazer para ajudar ou mesmo incentivá-las e tornar a transição divertida. Noutro post mostrarei o sistema que estamos a testar cá em casa :)
Hoje, deixo-vos uma entrevista publicada na Revista Proteste da DECO, onde a Pediatra Ana Pinheiro fala precisamente na questão de deixar as fraldas.
Boa leitura!
“Se a criança faz birra para sentar no bacio, é melhor não insistir”.
PROTESTE ENTREVISTA | Ana Pinheiro (Pediatra)
«Em que fase da vida da criança se deve dar início ao treino do bacio?
Cada criança tem o seu ritmo e não há uma idade certa, mas antes dos 18-24 meses é pouco habitual obter bons resultados. É importante estar atento a alguns indicadores de que chegou a altura para tentar tirar a fralda: a criança identifica que já fez, ou que vai fazer; fica incomodada quando tem a fralda suja; começa a ter períodos mais longos com a fralda seca, nomeadamente durante a sesta; a fralda da noite já não tem fezes; demonstra vontade em imitar o comportamento dos mais velhos; consegue compreender ordens mais complexas ou já tem alguma autonomia a despir-se e vestir-se.
Quando a criança reage mal ao bacio, deve insistir-se ou adiar o treino?
Se a criança faz birras quando tentamos que se sente no bacio, não devemos insistir. É melhor esperar mais uns meses até voltar a tentar.
Que situações mais difíceis podem ocorrer nesta fase? E como devem os pais reagir?
Frequentemente as crianças não estão preparadas e, ao insistirmos, vamos originar medos e comportamentos de retenção. Elas acabam por reter as fezes quando sentem vontade para defecar, escondem-se atrás dos sofás para o fazer, chegando muitas vezes a ficar dias sem evacuar, originando obstipação. Tudo isto compromete o processo.
Como devem os pais reagir perante os “descuidos” das crianças quando já não usam fralda?
Nos primeiros tempos, os “acidentes” ou “descuidos” são frequentes e não os devemos criticar. Algumas crianças ficam apavoradas quando isso acontece, enquanto outras, pelo contrário, não se importam de andar com a roupa molhada ou suja. Independentemente da reação da criança, devemos tranquilizá-la e explicar que os “acidentes” acontecem, mas que para a próxima não deve esperar até ao último minuto para ir à casa de banho.
Que recomendações costuma dar aos pais que vão dar início a este processo para que tudo decorra de forma serena?
É importante os pais estarem motivados e cientes de que pode ser um processo demorado e com muitos “acidentes” pelo caminho. As idas à casa de banho devem ser serenas, sem muitas distrações, com um bacio ou redutor de sanita confortável e com roupa e fralda fáceis de tirar. É importante as crianças estarem sentadas com os pés bem apoiados no chão ou em banquinhos. No início, as crianças devem observar os pais, para perceberem que é um processo normal. A ida ao bacio deve ocorrer em horários regulares (a cada duas horas, por exemplo) e o treino em casa deve ser continuado na creche. Sempre que a criança fizer cocó ou chichi no bacio, deve ser elogiada.»
Fonte: Proteste nº 369, Junho 2015, p. 31.
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